sábado, dezembro 03, 2005

Entrevista João Carlos Silva no Público

João Carlos Silva é um santomense que se denomina de "desassossegador", um "cozinhador" de receitas e de sonhos. Este é um homem idealista e sonhador que tem conseguido realizar sonhos, tendo em mira um ideal: a criação de novas oportunidades, a realização o envolvimento comunitário e a preservação ambiental, mesmo que ao ritmo "leve-leve", porque muitas vezes correr não nos leva mais longe.

Ler a entrevista ajuda a conhecer o que está por trás da imagem que nos habituámos a ver no programa "Na Roça com os Tachos".

No Jornal Público de dia 3 de Dezembro de 2005, Revista XIS Ideias para pensar, 337, pg. 26/27

quinta-feira, novembro 24, 2005

Fotografias de Carol Sky

Fotografias de STP na perspectiva de Carol Sky.

Semana de São Tomé e Príncipe em Lisboa

Com o apoio da RDPÁfrica e do Centro Nacional de Cultura: actividades culturais várias entre as quais documentários, debates,

Por ocasião do lançamento do livro, com sessão de autógrafos, "Na Roça com os Tachos" da autoria de João Carlos Silva, tem lugar até dia 25 de Novembro um conjunto de actividades culturais (documentários, debates, mostras de arte) na Galeria Fernando Pessoa do Centro Nacional de Cultura no Chiado em Lisboa. No dia 25 – Sexta-feira - pelas 18h30:

-Apresentação da IV Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe que terá lugar em S.Tomé em 2OO6;

-Apresentação do video "Uma Bienal em Construção"

PRIMEIRA MOSTRA DE CINEMA AFRICANO

No âmbito da primeira Mostra de Cinema Africano, realizam-se no Museu da Cidade, nos dias 24, 25 e 26, sessões cinematográficas que visam transmitir elementos relacionados com a antropologia visual. Assim, são apresentados quatro filmes, películas de investigação seguidas de debate e uma mesa redonda sobre O lugar da imagem na preservação da memória africana, com a participação de gente do cinema e de investigadores das problemáticas africanas.

PROGRAMAÇÃO:

Dia 24 - Quinta-Feira, 21h30m

Angola
Nelisita
de Ruy Duarte de Carvalho (1982, 90min, Fic.).

Dia 25 - Sexta-Feira

18h30m - Cabo Verde - O Percurso de Cabo Verde de Guenny K. Pires (2004, 83min, Doc.)

21h30m - Filmes do Instituto de Investigação Científico e Tropical:
Entre os Bosquímanos de Angola,
de António de Almeida (1952, 28min., Doc.) Sinopse: Actividades quotidianas de um grupo de bosquímanos de Angola.

Missão Antropobiológica de Angola: de Equipa da Missão Antropobiológica de Angola do IICT (40/50, 30min., Doc.)

Actividades da Missão Antropobiológica de Angola Sinopse: A equipa de antropobiólogos realiza trabalho de campo recolhendo dados antropométricos e fisiológicos com destaque para as colheitas de sangue entre os bosquímanos de Angola.

Sem Título Sinopse 2: O modo como algumas actividades quotidianas executadas por mulheres foram filmadas revela um enorme rigor em documentar técnicas e saberes de etnografia das populações angolanas.

Bosquímanos - Danças e Músicas Sinopse 3: Sempre acompanhados pelos ritmos que marcam com palmas e com os pés no chão, podemos ver os bosquímanos executando dança que denotam ora a simulação de lutas, ora a indução de estados alterados de consciência. Envolvendo a participação do grupo, todos estes momentos coreográficos transmitem uma forte ideia de coesão social.

Debate

Dia 26 – Sábado, 15h

Mesa Redonda
Título:
O lugar da imagem na preservação da memória africana
Moderação
: Rui Leal - MCA
Convidados:
Isabel Castro Henriques, Margarida Cardoso, Clara Carvalho, José Henrique Caldeira, Teresa Albino – IICT, Ângela Luzia - Museu da Cidade

18h30m

Moçambique
No Coração da Imagem uma Carta de Moçambique de Sol Carvalho (1988, 27min., Doc.)
Portugal
Kuxa Kanema, o nascimento do cinema
de Margarida Cardoso (2003, 52min, Doc.)

Museu da Cidade, Praça João Raimundo - Cova da Piedade - 2800 Almada, Tel.: 21 273 40 30 E-mail: museu.cidade@cma.m-almada.pt

quarta-feira, novembro 23, 2005

Dicionário temático da Lusofonia

Foi lançado esta tarde na Sociedade de Geografia em Lisboa o DICIONÁRIO TEMÁTICO DA LUSOFONIA, publicado pela Texto Editores e dirigido pela Associação de Cultura Lusófona, co-elaborada por cerca de 358 especialistas dos vários países lusófonos. Está organizada num único volume, com cerca de mil páginas, com um carácter enciclopédico e reúne informação sobre os mais variados assuntos referentes aos oito países e regiões da Lusofonia: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
São temas abordados: os conceitos linguísticos, as línguas faladas, a História, a Geografia, a Economia, a Arte, a Literatura, as Instituições, as Religiões, os Usos e Costumes, facultando outro tipo de informações e curiosidades acerca do quotidiano e da cultura dos oitos países que se encontram unidos através da língua portuguesa, sendo esta a sua língua materna, segunda, ou oficial.

Fonte: Fórum DC

sábado, novembro 19, 2005

Foi hoje e foi um sucesso!

Hoje, tal como previsto, foi o lançamento do livro do João Carlos Silva, na FNAC do Chiado. Sala cheia, ou melhor muito bem aconchegada, de tal forma que o calor fez-se sentir, fazendo lembrar as ilhas. Muitas caras conhecidas e sempre sorridentes. Foi bom revê-las. Muitas pessoas desconhecidas e simpáticas, com as quais foi fácil conversar desde logo, ou o tema que nos unia não passasse pelas ilhas maravilhosas e por tanta coisa deslumbrante que têm.

Foi bom ouvir o João Carlos explicar o porquê do livro e apresentar novas ideias. Foi mesmo muito bom perceber que, em qualquer lado do Mundo, há pessoas que continuam a sonhar, que têm projectos e que tudo fazem para os pôr em prática. E não se trata apenas de uma pessoa ou duas. Há muitas assim, felizmente! E foi magnífico ouvir o Nezó cantar, e sentir o corpo remexer na cadeira, e olhar para o lado e ver que muita gente se mexia também. E foi melhor perceber que vão decorrer, uma vez mais, actividades com artistas santomenses de divulgação cultural no Centro Nacional de Cultura.

É motivo para dizer, bem ao jeito do “cozinhador de sonhos e de sabores”: “lindo lindo lindo”. Trabalho magnífico em que estão todos de parabéns: o João Carlos, o Kalú Mendes, a Adriana Freire, o “pai da ideia” Ricardo Mota, a Oficina do Livro que deu forma a este magnífico livro. Ficamos a aguardar o 2º volume com novas receitas e novas imagens.

É motivo para dizer, nas palavras de António Gedeão, na “Pedra Filosofal”: “(...)sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. Este é um bom exemplo disso!

segunda-feira, novembro 14, 2005

Lançamento do livro "Na Roça com os Tachos"


O João Carlos e a Adriana estão de parabéns. Mais um projecto bem sucedido. E eu serei uma das presente no dia 18, para assistir ao lançamento e receber o autógrafo deste Amigo. Parabéns João Carlos!

Hoje tive o meu primeiro contacto com o livro e está verdadeiramente fantástico. Traduz muitíssimo bem a relação entre a gastronomia, a poesia, o programa da rtpáfrica e o trabalho fotográfico. Muito melhor do que eu imaginei. Superou todas as minhas expectativas! É uma obra muito bem estruturada e cujo produto final resultou muito bem.

Apesar de ser uma adepta da Internet e dos sites, que facilitam muito a vida do dia a dia, as pesquisas e os contactos, continuo a preferir este tipo de trabalhos em papel. Sinceramente estou encantada! É certamente uma excelente prenda de Natal.

LANÇAMENTO DO LIVRO DE JOÃO CARLOS SILVA “NA ROÇA COM OS TACHOS”, NA SEQUÊNCIA DO PROGRAMA DA RTPÁFRICA: RECEITAS DO JOÃO CARLOS COM FOTOGRAFIA DE ADRIANA FREIRE.


DIA 18 DE NOVEMBRO, PELAS 18H30, FNAC DO CHIADO EM LISBOA
"Na Roça com os Tachos" é uma viagem ao interior de uma cozinha ancestral, despertando no leitor o desejo de redescobrir o mundo exótico de São Tomé e Príncipe.
À VENDA A PARTIR DE 10 DE NOVEMBRO.
Na Roça com os Tachos (168 pg.; PVP - 18 euros; ISBN 989-555-151-7): Em 160 páginas de um colorido imenso e um apetite intenso, este livro apresenta uma selecção das melhores receitas do programa de televisão homónimo, Na Roça com os Tachos. São receitas simples, baseadas na gastronomia popular e com um cheirinho a referências culturais, quer de S. Tomé e Príncipe, quer de outras antigas colónias portuguesas. Dividido em 4 capítulos (entradas, carnes, peixes e sobremesas), Na Roça com os Tachos é uma viagem ao interior de uma cozinha ancestral, despertando no leitor o desejo de redescobrir o mundo exótico deixado pelos portugueses. A capacidade comunicativa de João Carlos Silva (apresentador/"cozinhador"/escritor) e a qualidade das fotografias da Adriana Freire apuram o apetite pelo faro.
João Carlos Silva nasceu em Angolares, S. Tomé em 1956. Estudou em S. Tomé, Angola e Portugal, onde frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra. Exerceu jornalismo, tendo, como artista plástico, iniciado as suas actividades em Lisboa. Fundou O CIAC e o Espaço Teia d'Arte (artes plásticas, teatro, dança, debates, oficina de letras, ateliers infantis, cine-clube) em S.Tomé. Participou em várias exposições colectivas de artes plásticas em S. Tomé e no estrangeiro. Dirige o Projecto Integrado de Desenvolvimento da Roça S. João (agricultura, pecuária, educação não-formal, ambiente, património, cultura e turismo) e é o coordenador da Bienal de Arte e Cultura de S. Tomé e Príncipe. Apresenta o programa de televisão Na Roça com os Tachos da RTP África.
ADRIANA FREIRE iniciou a sua carreira artística em 1990. Fundadora da Associação Maumaus, participou em diversas exposições individuais e colectivas. Elegeu a gastronomia como uma das áreas de trabalho preferenciais, tendo publicado inúmeros trabalhos em jornais e revistas da especialidade. É autora dos livros Olivais: retrato de um bairro, Romarias e Romeiros e S. Paulo e co-autora de A Minha Cozinha e Dieta [à minha maneira].

segunda-feira, outubro 31, 2005

Artistas plásticos de São Tomé

Um pintor de Anno Bon (Guiné Equatorial) radicado em Barcelona procura contactos, fotografias ou sites de artistas plásticos de STP para intercâmbio de experiências e eventual trabalho conjunto. O site dele é: http://es.geocities.com/ghuty_mamae

Chama-se GHUTY MAMAE e o e-mail dele é: ghuty_mamae@yahoo.es

Se tiverem indicações escrevam directamente para o e-mail do Ghuty, por favor.

sábado, outubro 01, 2005

Aguarela de Francisco Gomes de Amorim


Aguarela de Francisco Gomes de Amorim : o Forte de STP, uma imagem fantástica da Igreja do Bom Despacho, do que é hoje a alfândega e da Praia PM. Uma imagem de quem tem África no coração: "A vivência em África é coisa que não esquece, como aliás quase todos os lá viveram. Os que foram capazes de "viver África". E muitos foram."

quarta-feira, setembro 21, 2005

Exposição: TRAVEL

Hoje recebi um mail com o conteúdo que segue. ~

 

“Inauguração: 23 Setembro 2005 às 22h00

Localização: Rua da Boavista, 84 - 3º andar, Lisboa

Horário: 3ª a Sábado das 14h - 19h30

A exposição será acompanhada por uma revista, publicada por "Aprender a Olhar"

23 de Setembro | 22h00 | PLATAFORMA REVÓLVER | Travel - Exposição colectiva de Ana Silva, Gustavo Sumpta, Luisa Low Pew, Paulo Kussy, Sílvia Moreira, Osvaldo da Fonseca, Francisco Vidal e Verónica Leite de Castro: expõe trabalhos de uma nova geração de artistas que partilham como factor comum -um contexto humano- serem pessoas muito diferentes mas todas ligadas intimamente a África e Portugal, e às suas relações, o que outorga unidade à selecção: A exposição inclui trabalhos de pintura, escultura, tapeçaria e vídeo de 8 artistas contemporâneos.

Encontro de Artistas Plásticos | 24 Setembro | 16H00

Teatro S. Luiz ? Jardim de Inverno

1 Rua António Maria Cardoso, 54 (Lisboa, Chiado)

Encontro organizado em conjunto com a Plataforma Revólver, moderado pelo Prof. Fernandes Dias, professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e coordenador científico do projecto ArtAfrica, do serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gulbenkian. Contará com a participação de Angela Ferreira, Roger Meintjes, Inês Costa Dias e dos artistas plásticos intervenientes.

PRESS RELEASE

A exposição "TRAVEL", é apresentada pela PLATAFORMA REVÓLVER, e é integrada no África Festival 2005. Expõe trabalhos de uma nova geração de artistas que partilham como factor comum -um contexto humano- serem pessoas muito diferentes, mas todas ligadas, intimamente a África e Portugal, e ás suas relações, o que outorga unidade à selecção: A exposição inclui 8 artistas contemporâneos, cujo trabalho responde, à sua experiência de viajarem e viverem entre culturas, e que reflecte, outras visões e narrativas do mundo em que vivemos. Tendo como ponto de partida este lastro, a exposição funcionará como um laboratório -haverá debates teóricos e visitas guiadas- que oferece a oportunidade, de desenvolver, e relacionar, trabalhos de vários artistas de vários backgroundes culturais, e delineia a observação da intersecção de diferentes formas de criatividade e praticas artísticas.

"Em primeiro lugar, há o problema do começo; principalmente, o de sabermos como é que passamos de onde estamos, o que, por enquanto, é em um sítio nenhum, para o outro lado. É, pura e simplesmente, um problema de ponte, um problema de se improvisar uma ponte. As pessoas resolvem estes problemas todos os dias. Resolvem-nos e , uma vez resolvidos, avançam.

Partamos do princípio de que, fosse como fosse, está feito. Partamos do princípio de que a ponte está construída e atravessada, que podemos esquecer isso. Deixámos para trás o território onde estávamos. Estamos agora bem longe, no território onde queremos estar." J.M.Coetzee

Neste contexto, de expressão pessoal e de identidade cultural, o desafio da concepção e apresentação da exposição, é torná-la compreensiva, com o objectivo de criar uma declaração (relato) pertinente a respeito do valor cultural do universo lusófono da cultura contemporânea: é um "olhar de pássaro" sobre a riqueza da multiplicidade das relações artísticas entre artistas diferentes, mas sem uma preocupação de discurso teórico, antes preferindo dar liberdade à força da imagem, e ao estimulo que ela produz no espectador.

A exposição "Travel" apresenta vários trabalhos, numa aproximação de site-specific, e que vão desde pintura, escultura, tapeçaria, vídeo e graffiti, num espaço colectivo.

Nomes dos artistas representados: Ana Silva, Francisco Vidal, Gustavo Sumpta, Luisa Low Pew, Paulo Kussy, Sílvia Moreira, Osvaldo da Fonseca, Verónica Leite de Castro.

Um painel de discussão com os artistas intervenientes na exposição, e ainda Angela Ferreira, Inês Dias, Roger Meintjes, e screening do Prof. Fernandes Dias, terá lugar dia 24 de Setembro às 16h00, no Jardim de Inverno do Teatro São Luíz.

Aqui fica, desde já, o meu agradecimento aos artistas, à Angela Ferreira, Inês Dias, Roger Meintjes, e em especial ao Prof. Fernandes Dias.

Victor Pinto da Fonseca”

 

sábado, setembro 17, 2005

Encontro de Culturas: OEIRAS

17 Setembro: FESTA AFRICANA, Auditório Municipal Ruy de Carvalho, Centro Cívico de Carnaxide

Tertúlia: 16h

Inauguração da Exposição de Fotografia de António Júlio Duarte “Festa Africana” – 18h

Concerto de Celina Pereira – 18h30

Refeição Típica – 20h30

Concerto de Tito Paris – 21h30

Entrada Livre, limitada à lotação do auditório

CICLO DE CINEMA (14 a 20 setembro)

Auditório Municipal Eunice Munoz, Rua Mestre de Aviz, Oeiras

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS (GRANDE DESTAQUE PARA STP) – 13 a 18 de Setembro, OLHANDO ÁFRICA de Saúl de Carvalho, Oeiras Parque das 10h às 24h (VISITEI-A HOJE E POSSO GARANTIR QUE VALE A PENA)

13 a 30 de Setembro – VISTA PARCIAL, Exposição de Artistas Africanos, Galeria Municipal Lagar de Azeite, Oeiras, 3ª feira a domingo das 14 às 19h

sexta-feira, agosto 26, 2005

Poesia de Conceição Lima em espanhol

A poesia da jornalista (BBC) e escritora santomense Conceição Lima encontra-se traduzida em espanhol na
Revista colombiana "Alquitrave



segunda-feira, agosto 22, 2005

Escritores santomenses premiados

O “Grande Prémio Sonangol de Literatura 2005” foi atribuído no passado dia 19 de Agosto, a duas obras de escritores africanos e insulares: uma de um escritor santomense e outra de um caboverdiano. A obra premiada do escritor santomense, Malé Madeçu, foi “Retalhos do Massacre de Batepá” e a do Caboverdiano, Fidalgo Preto, “Baban, o Ladino”.

O júri foi presidido pelo escritor caboverdiano Corsino Fortes e era constituído pelos angolanos Marisa Costa, Cornélio Caley (meu querido  colega e amigo) e Jorge Macedo. Foi ainda atribuída a menção honrosa à obra "Levélengué - as gravuras de Gabriela", da escritora santomense Natasha Lueje.

O Grande Prémio Sonangol de Literatura 2005 está avaliado em 25 mil dólares e, a partir deste ano, passa a realizar-se de cinco em cinco anos, mas a menção honrosa, que no futuro só será atribuída a escritores angolanos, terá uma periodicidade anual.

São Tomé está de parabéns, bem como a sua cultura e os seus escritores. Aguardemos que estas obras sejam divulgadas também em Portugal.

 

Um abraço,

Brígida

domingo, agosto 07, 2005

Galeria de Exposições do Centro Cultural Luso-Moçambique

 

CULTURA ÁFRICA PORTUGAL MOÇAMBIQUE Cultura: Artistas africanos têm galeria em Lisboa para divulgar a sua arte
Manuela Ferreira, da Agência Lusa
Lisboa, 07 (Lusa) - Artistas africanos menos conhecidos pelos portugueses têm agora, em Lisboa, uma galeria que mostra alguns dos seus melhores trabalhos, sejam eles do ceramista Heitor Pais, do pintor José Pádua, ambos moçambicanos, ou do escultor angolano Magina.
Com pouco mais de seis meses de funcionamento, a Galeria de Exposições do Centro Cultural Luso-Moçambicano, na Loja 43 do Centro Comercial Apolo 70, promoveu já em vários pontos de Portugal seis exposições, a última das quais está patente, até ao final de Agosto, em Vila do Conde.
Nesta última exposição, que assinala o 30º aniversário da independência de Moçambique, estão expostos trabalhos de vários pintores moçambicanos com maior ou menor experiência - Butcheca, Saranga, José Pádua, Gumatsy, Quehá e Lívio de Morais.
O Centro Cultural Moçambicano criado em finais do ano passado agrega um leque variado de individualidades africanas, para além de artistas. Os antigos futebolistas Mário Wilson e Eusébio são alguns dos seus patrocinadores mais entusiastas.
O presidente, Lívio de Morais, um pintor moçambicano a residir em Portugal há 26 anos, explicou à Agência Lusa que "o objectivo e a razão de ser" do Centro Cultural é "a divulgação da cultura moçambicana e africana na Europa, através de Portugal, privilegiando a língua portuguesa".
Por razões históricas, não teria sentido o Centro Cultural Moçambicano nascer e ter sede noutro país europeu¯, comenta o pintor, acrescentando que o objectivo é também aproximar cada vez mais as culturas, "ao encontro da nova mentalidade universal do Conhecimento, Convivência, Tolerância e Paz Mundial".
Com 235 sócios, o centro visa actuar em diversas áreas para além da Cultura, com realce para a área social, onde  e acompanham já cidadãos moçambicanos com menores recursos, mesmo quando hospitalizados ou presos.
O associativismo é por natureza o meio de pensar, decidir e viver comum¯, salienta Lívio de Morais, explicando que entre os objectivos do centro está também o acompanhamento jurídico para garantia e defesa dos direitos sociais e humanos dos moçambicanos em Portugal.
As crianças, as mulheres e os estudantes universitários moçambicanos em Portugal merecem atenção particular deste Centro Cultural, que também pretende actuar na área de formação, prevendo-se o início de cursos de informática para Setembro.
A Gastronomia, o Desporto e a Saúde são outros sectores em que o Centro Cultural Moçambicano pretende desenvolver acções de dinamização.
A literatura africana, considerada como uma componente indispensável para a divulgação da língua africana e meio indispensável da cultura africana na Europa, merece também o interesse do Centro que pretende, nomeadamente, editar jovens escritores.
Contamos com o pouco que nos derem, nem que seja uma carta com umas palavras de encorajamento, diz Lívio de Morais, adiantando que qualquer oferta é bem vinda, quer se trate de livros, cadeiras, mesas ou pequenos donativos financeiros.
Enquanto sonham com uma sede em que possam ter uma biblioteca, dar apoio aos sócios e realizar acções de formação, foram dados passos decisivos com a abertura da Galeria de Exposições.
O português Paulo Ossião, o cabo-verdiano David Levy Lima, a guineense Manuela Jardim são alguns dos artistas integrados no projecto.
Neste momento, a Galeria tem em exposição obras de Malagatana, Lívio de Morais, Magina e Heitor Pais, que podem ser adquiridas por valores que oscilam entre algumas centenas de euros e os 1.400.


terça-feira, junho 28, 2005

Almada Negreiros - "A Flor"

“Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu.

Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.

Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!

Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!”

in Antologia de Poesia Portuguesa, Volume II, pg 1616

segunda-feira, junho 27, 2005

Livraria Barata - Descontos

Grande Festa do livro na Barata


Pela primeira vez as Livrarias Barata vão organizar a partir do dia 18 de Junho, uma grande festa de descontos em TODOS OS LIVROS.
É só procurar a data da etiqueta da Barata que se encontra colada no livro e verificar o desconto correspondente, sendo que, se a data for:

anterior a 2000 - o desconto será de 50%

entre 2000 e 2001 - o desconto será de 30%

entre 2002 e 2003 - o desconto será de 20%

entre 2004 e 2005 - o desconto será de 10%


É uma oportunidade única abrangendo todos os livros, desde o Infantil ao Romance, passando pelo Livro Técnico ou o Livro de Arte.
Barata
avenida de roma * Barata campo de ourique * Barata técnica [IST] * Barata agronomia [ISA] * Barata técnica [FCT] * Barata évora [UE]

 

 

quinta-feira, junho 23, 2005

Aíto Bonfim

Loucura Suave

Amor

Amor à vida

Ao belo artístico do trabalho

Agrícola

Amor

Amor ao corpo de guerreiro morto pela

África

À paz vitoriosa

Amor

Amor na alegria e prazeres tam-tam

Na harmonia do corpo suado

Amor nos sorrisos electrizantes duma

Linda somali

Nos olhares sedutores duma tchadiana

Escaldante

Amor

Amor na elegância sensual da perna

Duma santomense

Nos dentes brilhantes do dançarino congolês

Por amor

damos a vida

Para que se vingue o amor.

 

In ”Aspiração” (2002), pg 53

Olinda Beja

Longínqua

Pelas estrias na pela ocre e âmbar

Pelo moer de asas sem rota nem destino

Diríamos uma ave-do-paraíso

Mas a distância na voz

E no olhar

Fazem lembrar uma garça indefesa

Que um dia se perdeu na montanha

 

In Água Crioula (2002), pg. 27

segunda-feira, junho 20, 2005

Novo disco de Pepe Lima


O cantor são-tomense Pêpê Lima lançou na semana passada mais um CD com 11
faixas musicais, intitulado "Paz na Terra".

segunda-feira, maio 30, 2005

René Tavares 02, sem título

Posted by Hello

Osvaldo Reis 02, sem título

Posted by Hello

René Tavares 01 (2002)

Posted by Hello

Menu da Semana Gastronómica de STP

 

SEMANA DE SÃO TOMÉ – RESTAURANTE Terreiro do Paço (Lisboa)

Cozinha equatorial, feita de ingredientes e temperos exóticos (preços entre 12.10€ e 13.90€ o prato)

Segunda-feira,  dia 30 de Maio

Azagoa de carne (carne de porco, folha de Mandioca e feijão vermelho com farinha de mandioca)

Calulu de peixe (garoupa, tomate, malagueta e quiabos com arroz e farinha de mandioca)

Terça-feira, dia 31 de Maio

Molho de fogo (peixe fumado, peixe salgado, tomate, coentros e limão com banana cozida)

Jogo (cação e garoupa, fruta pão com arroz e farinha de mandioca)

Quarta-feira, dia 01 deJunho

Feijão à moda da terra (feijão vermelho, peixe fumado, tomate, ossame e pau de pimenta com arroz)

Arroz de Peixe da Terra

Quinta-feira, dia 02 de Junho

Muqueca de Peixe (pargo, tomate, beringela, óleo de palma com arroz)

Peixe Limão (garoupa, matabala, piri-piri, farinha de mandioca, sementes de óssamo e mocócó)

Sexta-feira, dia 03 de Junho

Azagoa de Peixe (corvina e pargo fumados, folha de mandioca e feijão vermelho com farinha de mandioca)

Calulu de Carne (galinha, tomate, cebola, malagueta e quiabos com arroz e farinha de mandioca)

Sábado, dia 04 de Junho

Calulu de peixe (garoupa, tomate, malagueta e quiabos com arroz e farinha de mandioca)

Domingo, dia 05 de Junho

Azagoa de carne (carne de porco, folha de Mandioca e feijão vermelho com farinha de mandioca)

 

OS DOCES DE SÃO TOMÉ (entre 3.20€ e 3.50€)

Aranha

Arroz de milho

Cocada

I Mostra Gastronómica dos Países de Língua Portuguesa

A STUDIUM e a Associação Amigos do Príncipe, numa organização conjunta com o Restaurante Terreiro do Paço, vão realizar a I Mostra Gastronómica dos Países de Língua Portuguesa, sob a orientação do Chefe Vitor Sobral.
O evento decorrerá entre 25 de Maio e 5 de Junho naquele restaurante. Com este evento pretende-se, promover a gastronomia tradicional dos PALOP e apoiar projectos de Saúde e Educação das Crianças de Rua que vivem nestes países.

Contactos : RESTAURANTE TERREIRO DO PAÇO
TEL: 210312850 FAX 210 312 859
Email: terreirodopaco@quintadaslagrimas.pt

A gastronomia é uma vertente forte da Cultura de qualquer Povo. A mesa é um espaço privilegiado de encontro e de encontros, ou não estivesse a mesa simbolicamente associada à ideia de reunião, de comunhão, de refeição. Em África este conceito de partilha é mesa é elevado à forma de arte.
A primeira semana gastronómica traz à mesa do restaurante TERREIRO DO PAÇO a cozinha de São Tomé e Príncipe. É uma ocasião para saborear o CALULU de São Tomé e o MOLHO DE FOGO do Príncipe entre outros manjares exóticos e que raramente chegam às nossas mesas.
A gastronomia de São Tomé e Príncipe caracteriza-se pela sua excelência, pelo apelo de todos aromas, de todos os paladares, e de todas as cores numa simbiose entre a prodigalidade da natureza da terra e a sabença culinária das suas gentes.
É uma cozinha de tacho,
feita de tradições passadas de geração em geração. É uma cozinha tão fascinante como o é este pequeno país ao qual Portugal está tão ligado.
O restaurante Terreiro do Paço situa-se na praça do mesmo nome, junto ao cais onde durante séculos partiram as naus, caravelas, paquetes rumo às Terras de África e do Oriente donde voltavam carregadas do cheiro de especiarias, esperanças, recordações, fortunas, de cacau e café.
O Terreiro do Paço enquanto cais de ver partir assumiu um papel importante como entreposto comercial e cultural. E, como entreposto cultural, o Terreiro do Paço quer este ano, no qual se comemoram 250 anos do grande terramoto de Lisboa, ser o epicentro da vida gastronómica do Mundo
Português na capital.
Parte da receita desta mostra gastronómica será doada à Associação para a Reinserção das Crianças Abandonadas e em Risco de São Tomé, que desenvolve um meritório trabalho em prol da melhoria das condições de vida das crianças mais carenciadas deste país.

quarta-feira, maio 25, 2005

Nezó 02

Pintura na cidade: Janela para o Mundo, 2002 Posted by Hello

Osvaldo Reis 01

Pintura na cidade: Janela para o Mundo, 2002, 1 de 4 pain�is Posted by Hello

sábado, maio 21, 2005

Olinda Beja 03

Eis-me Aqui

“Estou aqui
a contar-te dos caminhos que percorro
velhos estreitos esventrados
caminhos de sulcos e de cabras onde
nossos avós colheram pão de côdea dura
estou aqui
a contar-te dos cheiros doces e acres
dos frutos tropicais
cheiros que se foram confundindo no sangue
que se afundou em docas e mares mas que emergiu
mais vermelho que o chão da nossa terra
estou aqui inteira viva irrequieta como pássaro
que acasala no equilíbrio de um ramo
e como tu quero ferir meus pés
no lençol de pedras que atapeta o ôbô
inundar de algas azuis o corpo reflectido
no espelho das calemas
estou aqui para escutar o vento no zinco dos casebres
e exorcisar os medos que vagueiam na linguagem do povo

estou aqui como tu
borboleta tricolor que pousa no eco das muralhas
e morre a ouvir histórias de um país calcinado”

in Água Crioula

Alda do Espírito Santo 02

EM TORNO DA MINHA BAÍA (1963)
”Aqui, na areia,
Sentada à beira do cais da minha baía
do cais simbólico, dos fardos,
das malas e da chuva
caindo em torrente
sobre o cais desmantelado,
caindo em ruínas
eu queria ver à volta de mim,
nesta hora morna do entardecer
no mormaço tropical
desta terra de África
à beira do cais a desfazer-se em ruínas,
abrigados por um toldo movediço
uma legião de cabecinhas pequenas,
à roda de mim,
num voo magistral em torno do mundo
desenhando na areia
a senda de todos os destinos
pintando na grande tela da vida
uma história bela
para os homens de todas as terras
ciciando em coro, canções melodiosas
numa toada universal
num cortejo gigante de humana poesia
na mais bela de todas as lições
HUMANIDADE.”

quarta-feira, maio 18, 2005

A Verdadeira Origem do Célebre Rei Amador

A verdadeira origem do célebre Rei Amador, líder da revolta dos escravos em 1595*

por Gerhard Seibert

Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), Lisboa

Este ano o dia 4 de Janeiro tornou-se feriado nacional em homenagem ao Rei Amador, líder da revolta de escravos em 1595. Segundo a mitologia pós-colonial em São Tomé e Príncipe, o Rei Amador, representado nas notas bancárias do país(1), era rei dos angolares. A todos os visitantes do arquipélago, interessados na sua história, conta-se esta lenda, que foi divulgada desde a independência. No pequeno texto ‘Esboço Histórico das Ilhas de S.Tomé e Príncipe’, publicado em 1975 e atribuído ao historiador Carlos Neves lemos que “A 9 de Julho de 1595 o célebre Amador à frente dos Angolares, levanta o estandarte da revolta, mas é preso e morto em 1596.” (2) Esta versão também se encontra em obras literárias da temática santomense. Por exemplo, na sua peça ‘Teatro do Imaginário Angolar’ o escritor português com ascendência santomense-angolar Fernando de Macedo Ferreira da Costa, explica que Amador é o “célebre guerreiro que, comandando as hostes Angolares (reforçadas de outros negros revoltados), ousou avançar sobre a capital de S.Tomé”. (3) Não admira que esta versão também tenha sido divulgada por guias turísticos e documentários sobre STP. Contudo, será que os documentos históricos confirmam a afirmação que Amador era Angolar?

Os únicos documentos contemporâneos existentes da revolta encontram-se na Monumenta Missionária Africana, publicada pelo Padre António Brásio. O primeiro documento, em italiano, intitulado ‘Relatione uenuta dall’ Isola di S.Tomé’, cujo original está nos arquivos do Vaticano, diz sobre os acontecimentos de Julho de 1595 que os escravos se colocaram na “obedienza di quel primo Negro che si solleuó, chiamato per nome Amadore, il quale era schiauo di un Gentil ‘huomo chiamato Don Ferdinando, et in questo mentre alzorono detto Negro per Re, giurando di obedirgli fino alla morte...”. Assim, de acordo com este documento, Amador era escravo de um Dom Fernando. (4) O segundo documento, um breve texto arquivado na Biblioteca Nacional em Lisboa, relata: “No anno de 1595 um preto da Ilha de S.Tomé, chamado Amador, se levantou com os homes da sua cor, e se proclamou Rei da mesma ilha, commettendo os excessos que erão de esperar d’uma besta feroz...” (5) Também este relatório não confirma que Amador pertencia aos negros fugitivos do interior da ilha que mais tarde seriam conhecidos por angolares.

Vamos ver o que dizem as crónicas sobre São Tomé, escritas muito mais tarde, acerca do líder da revolta. Em 1732 o nativo Padre Manuel Rosário Pinto relata na sua crónica de São Tomé que “[Em 9 de Julho de 1595], se levantaram os crioulos cativos desta ilha, tendo por capitão um negro [chamado] Amador, [escravo] que foi de Bernardo Vieira, por segundo capitão um Lázaro, [escravo] de Bernardo Coelho, e por alferes, Domingos Preto, [escravo] de Afonso Rodrigues.” (6) No seu livro ‘Corografia Histórica das Ilhas de S.Tomé e Príncipe, Ano Bom e Fernando Pó’ o militar português Raimundo José da Cunha Matos faz referência, em 1842, ao “sempre lamentável motim e rebelião do negro Amador…que levantou o estandarte da revolta em 9 de Julho de 1595 e foi preso e justiçado em 1596.” (7) Em 1844, Lopes de Lima refere-se à “revolta do negro Amador que … consternou toda a ilha com os inumeráveis estragos por tão horrenda sedição ocasionados.” (8) O administrador de concelho António de Almada Negreiros, o pai do escritor e artista plástico José de Almada Negreiros, que nasceu em São Tomé em 1893 diz na sua obra ‘História Etnographica da Ilha de S.Thomé’ (1895): “No meio d’este espectáculo tumultuoso, surgiu, no anno seguinte, o negro Amador, que se intitulou Rei de S.Thomé, arvorado em Atila furibundo, à frente dos da sua cor, revolucionando a ilha inteira, matando e saqueando furiosamente.” (9) Podemos assim verificar que nenhum destes autores relacionou Amador e a sua rebelião com os angolares. Donde provirá então a versão de que Amador teria sido líder dos angolares?

O primeiro autor que afirmava que Amador era angolar foi o geógrafo e poeta luso-santomense Francisco Tenreiro (1921-1963) que escreve no seu famoso livro ‘A Ilha de São Tomé’ (1961): “De 1595 e 1596 esta [a ilha de São Tomé] chega mesmo de cair nas mãos dos angolares, chefiados pela figura, já lendária, de Amador.” (10) Contudo, como pudemos verificar, esta asserção não corresponde nem a fontes históricas disponíveis sobre a referida rebelião, nem ao conteúdo dos livros do século XIX que Tenreiro conhecia e utilizava. De facto, os angolares frequentemente assaltaram as plantações de açúcar e a cidade, mas não participaram na grande revolta dos escravos de 1595.

Coloca-se assim a questão das razões que terão levado Tenreiro a transformar o escravo Amador em rei dos angolares, escravos fugitivos das plantações da cana-de-açúcar, escondidos no mato?

A resposta encontra-se em afirmações de Tenreiro sobre a escravatura em São Tomé. O geógrafo conclui “que o africano, por estes tempos de São Tomé, não estava sujeito a um regime de escravidão pura; era antes um servo a quem se pedia trabalho, mas a quem, por outro lado, se permitia uma relativa liberdade na prática dos seus hábitos…Existia assim na ilha um regime de servidão, e não de escravidão…” (11) Como escravos felizes não se levantam, Tenreiro reinventou a história, transformando a grande revolta dos escravos de 1595 num assalto dos angolares e Amador, o líder dos revoltosos, em um destes. Pela mesma razão, Tenreiro ignora outras revoltas e a constante fuga dos escravos, embora esta tivesse começado no início da sua importação, como relata o terceiro donatário Álvaro Caminha no seu testamento de 1499.(12) Em inúmeros documentos posteriores abundam os relatos sobre escravos fugidos das plantações e insurreições de escravos, contrariando a tese do regime de servidão alegado por Tenreiro.

Comprometido com o regime salazarista (13) e seduzido pelas teses do luso-tropicalismo do famoso sociólogo brasileiro Gilberto Freire, que serviam para justificar cientificamente a ideologia colonial portuguesa, Tenreiro pretendia reforçar a tese dominante da alegada brandura lusa na história das relações com os africanos para defender a presença portuguesa em África numa altura, em que outras colónias europeias no continente se tornaram Estados independentes. (14) É uma ironia da história que a invenção de Tenreiro, negando deliberadamente a escravidão e a resistência dos escravos em São Tomé, tenha sido promovida no país sobretudo após a independência.


NOTAS
* Artigo publicado na santomense revista PIÁ, nº 26, de Janeiro de 2005.
1 A imagem de Amador nas notas bancárias é uma criação artística pós-colonial atribuída ao pintor Pinásio Pina, pois não existe nenhuma pintura ou gravura deste escravo do século XVI.
2 Esboço Histórico das Ilhas de S.Tomé e Príncipe. S.Tomé: Imprensa Nacional, p.11.
3 Fernando de Macedo, Teatro do Imaginário Angolar de S.Tomé e Píncipe, Coimbra: Cena Lusófona 2000, p. 135.
4 António Brásio, Monumenta Missionária Africana, pp. 521-523.
5 Ibidem, p. 524.
6 Em 1970 o malogrado Padre António Ambrósio publicou este manuscrito com o título ‘Manuel Rosário Pinto (A Sua Vida)’. Lisboa: Centro de Estudos Históricos Ultramarinos. Na edição da PIÁ de Agosto de 2003 Albertino Bragança reproduziu um maior extracto deste manuscrito, porém, sem indicar o Padre Ambrósio como a sua fonte.
7 Lisboa, p. 11 (1916, p. 16).
8 José Joaquim Lopes de Lima, Ensaios sobre a statística das possessões portuguezas na África occidental e oriental. Livro II. – Parte I. Lisboa: Imprensa Nacional 1844, p. XI.
9 Lisboa, p. 61.
10 Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar 1961, p. 73.
11 Tenreiro 1961, p. 70.
12 A Ilha de São Tomé nos Séculos XV e XVI. Lisboa: Publicações Alfa 1989, pp. 66 a 91.
13 Em 1956 Tenreiro tinha-se tornado deputado da Assembleia Nacional portuguesa.
14 Ver também Isabel Castro Henriques, Os Pilares da Diferença. Relações Portugal-África. Séculos XV-XX. Casal de Cambra: Caleidoscópio 2004, p. 317.

sexta-feira, maio 13, 2005

João Carlos Silva, sem título, 2002 Posted by Hello
Felisberto Castilho, óleo, 2002 Posted by Hello

Alda Espírito-Santo 01

“- Eu te conto se tens paciência de escutar estórias antigas, de um sonho mágico, mas real e bonito, nesse tempo...

Mamã Bonita, era a menina mais bonita, mais garbosa, mais jeitosa de Almeirim, quando estava a flimá (passagem da adolescência à juventude).

Mas Sam Bonita (Senhora em crioulo local) garota ainda, com as trancinhas enroladas debaixo da orelha, agitava mimóia (brinco) que gente não sabia, nem ninguém dizia de onde veio.

Não ligava a qualquer rapaz atrevido que queria namorar essa donzela.

Segunda feira de manhã, Bonita punha a sua gamela de roupa à cabeça, com sabão bola bola (sabão amassado com as mãos em forma de bola para lavar a roupa com mais facilidade), já amassado em casa, para não dar trabalho.

Avó Santinha, já tinha largado o quinté (terreiro de habitação onde se encontram situadas várias casas de pessoas da mesma família, contendo um terreno com árvores e plantas variadas), madrugada cedinho, para encontrar boa pedra e bom lugar lá na Ponte Tavares, nesse Água Grande das lavadeiras, das labandelas dos nossos rios.

Mal pisava a água, Bonita largava a gamela ao lado da mais velha e corria para a beira da estrada em busca do bom dia da semana.

É que no cantinho do caminho, onde começa a vereda que leva à roça, estava a surpresa ansiada, mas sempre conhecida e sempre apetecida, num quali (cesto grande feito de hastes de palmeira) grande da padaria Estrela Grande. (...)”

 

Alda Espírito-Santo in Mataram o Rio da minha Cidade, 2002, pg. 11 e 12